O pássaro desampara-se em seu vôo
quer esquecer as asas
subir do nada até o vazio onde
será matéria e feito luz
deita-se no sol
é o que não é ainda
igual ao sonho de que vem
e não sai
traça com morte a curva do amor
vai.
da consciência ao mundo
encandeia-se
aos trabalhos de sua vez, extrai
a dor da dor, extrai
a dor da dor, desenha
seu delírio claro
de olhos abertos
canta de incompletude.
Extraído de "Incompletamente", de Juan Gelman,
transcrição de Haroldo de Campos.
Um comentário:
"cria a dor
cria e atura..."
delírio musicado. igual a sonho. igual ao sol, hoje.
beijocas
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